18 fevereiro 2008

...correntes d'Escritas... descritas...

um dos sons de fala que mais ficou na memória... da conferência de sábado:
...um fazer nada a quatro mãos... Mia Couto

10 fevereiro 2008

...administrar o melhor que puder o lixo da memória. (...) e
descobrir-te intacto...
in O Medo de Al Berto


JASS CARNIVAL

...um requinte de livro...

...acudiu-me a conclusão de não ser por acaso que "poder" e "podre" em português, se escrevem fatalmente com as mesmas letras...
in Amor Feliz de David-Mourão Ferreira

Livro escrito em 1987... e poder e podre continuam a não se escrever por acaso com as mesmas letras...

09 fevereiro 2008

...isto é...



...o mais que me foi dado sentir, ou pensar, ou desejar, foi o excesso de algo que no sensível não é apenas sensível... Eduardo Prado Coelho

...sossega, sossega... ouve, escuta...

...insensatez...

...teu nome, pronuncia o teu nome para que seja impossível esquecer-me do meu. diz-me o teu nome de ontem, quando éramos o reflexo exacto um do outro, toca-me o rosto com o teu nome, ou pousa-o sobre as mãos; debruça-te para dentro de mim e deixa que o segredo do tempo fulmine os ossos...

e... o mundo celebra...

repara...

...espalham-se estrelas cadentes, papoulas breves, junco molhado... e o mar enche-se novamente de pássaros, embarcações semelhantes a beijos que nos percorrem de alegria...
Al Berto (escrita alterada)

...insensatez...

...um rasgão no peito, uma saudade de mim...

...e o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo... o medo...

...nestes últimos dias mal suporto o contacto com os outros. vê-los, ouvi-los e estar com eles cansa-me, dá-me náuseas. amanhã, voltarei a precisar deles. odiar-me-ei com a mesma força com que os odiei...

...e o medo... o medo... o medo... o medo... o medo...

...até quando poderei suportar a minha própria ausência?...

...estou cego, não encontro a minha sombra. em breve talvez consiga perder também o peso e o juízo. enlouquecerei, e certamente que ao perder a razão outra razão se adquire, talvez semelhante à da ave; mas pouco importância tem o que me possa acontecer, ninguém dará por isso...

...um rasgão no peito, uma saudade de mim...
Rosa Lobato Faria (itálico) e Al Berto (negrito)

07 fevereiro 2008

...a Al Berto... (um possível prefácio de biografia)

... aos outros dei o tempo necessário, mas não mais: de tal hora até tal hora, como com uma entrevista marcada para resolver um assunto, que, uma vez resolvido, despedimo-nos porque não há mais para dizer. Mas, de ti, porque não quero separar-me? Esta tua vida, porque quero eu prolongá-la tanto quanto a minha própria?... Chegou o momento de o confessar, Henrik: nós somos semelhantes. (...)
Aqueles que lerem esta tua vida escrita por mim, dirão que da tua vida se diz pouco e se fazem muitas divagações. Porque não sabem. Não sabem que estas 'divagações' são, isso sim, as coisas que tu prometeste a ti mesmo dizer quando a morte te levou e que agora, finalmente, pudeste dizer por meu intermédio. Não me agradeças, Henrik: entre colegas devemos ajudar-nos. E agora adeus, Henrik: adeus, para já. Trato aqui de mais uns quantos assuntos e, depois, lá irei ter contigo. Onde quer que estejas. Mesmo no inexistente. Melhor, até, aí. Quando as pessoas se entendem, que importa inexistir?...

in Vida de Henrik Ibsen, Alberto Savinio (escritor e pintor italiano - Atenas, 1891; Roma, 1952)

...velhas trapaças...