29 julho 2009

Sós, *

irremediavelmente sós,

como um astro perdido que arrefece.

Todos passam por nós

e ninguém nos conhece.


Os que passam e os que ficam.

Todos se desconhecem.

Os astros nada explicam:

Arrefecem


Nesta envolvente solidão compacta,

quer se grite ou não se grite,

nenhum dar-se de outro se refracta,

nenhum ser nós se transmite.


Quem sente o meu sentimento

sou eu só, e mais ninguém.

Quem sofre o meu sofrimento

sou eu só, e mais ninguém.

Quem estremece este meu estremecimento

sou eu só, e mais ninguém.


Dão-se os lábios, dão-se os braços

dão-se os olhos, dão-se os dedos,

bocetas de mil segredos

dão-se em pasmados compassos;

dão-se as noites, e dão-se os dias,

dão-se aflitivas esmolas,

abrem-se e dão-se as corolas

breves das carnes macias;

dão-se os nervos, dá-se a vida,

dá-se o sangue gota a gota,

como uma braçada rota

dá-se tudo e nada fica.


Mas este íntimo secreto

que no silêncio concreto,

este oferecer-se de dentro

num esgotamento completo,

este ser-se sem disfarce,

virgem de mal e de bem,

este dar-se, este entregar-se,

descobrir-se, e desflorar-se,

é nosso de mais ninguém.

* António Gedeão

26 julho 2009

conta a lenda...

Lenda de S. Pedro de Rates

Conta a lenda que o santo salvou de doença mortal uma jovem princesa pagã. Como retribuição ela converteu-se ao cristianismo e fez voto de castidade. Tais factos enfureceram o pai levando-o a ordenar a morte de S. Pedro. Este refugiou-se na capela de Rates onde foi encontrado e decapitado pelos soldados que seguidamente destruíram o templo.
Séculos mais tarde, da serra de Rates, S. Félix observava todas as noites uma luz na escuridão. Guiado pela curiosidade desceu a vertente e encontrou no meio dos escombros a razão de ser desse clarão: o corpo de S. Pedro.

[vamos à procura dos caches?]

24 julho 2009

23 julho 2009

entardecia...

em rates... a música surgiu



e...




uma mão leve desceu sobre mim com a paz do adormecer.

[voltemos pois, sempre rates...]

15 julho 2009

amo como ama o amor



Não me esqueci de nada,
Guardo a tua voz dentro de mim.
Eugénio de Andrade

11 julho 2009

pendulando...

na hora metafísica do silêncio

[e a duvidar da não existência de Deus]

08 julho 2009

...

...é bem possível que o Inverno nos seus dias de sol, tenho vindo passar as férias de Verão...

04 julho 2009

...velhas trapaças...