23 novembro 2008

...ainda Vergílio...

...sê calmo e forte como a verdade da vida...
in Para Sempre, Vergílio Ferreira

20 novembro 2008

...no mundo de Borges...

[amazing]

17 novembro 2008

Saiu-te o número inscrito numa areia do universo *

Entre uma infinidade de hipóteses de não teres nascido, saiu-te a sorte de teres nascido. Se te tivesse saído a “sorte grande”, haveria gente que se admiraria de isso te ter acontecido. Tu mesmo dirias talvez que parecia um “sonho”, que era inacreditável, que ainda não tinhas caído em ti do assombro. Mas essa sorte foi a de um número entre dezenas de milhares ou mesmo centenas. Mas teres nascido é ter-te saído a sorte entre biliões e biliões e biliões de hipóteses negativas. Saiu-te o número inscrito numa areia do universo. Tens pois o privilégio incrível de veres o sol, as flores, os animais. De ouvires as aves e o vento. De. E todavia, como esqueces isso tão facilmente. Breve tudo se te apagará em silêncio. Breve a oportunidade de estares vivo cessou. Provavelmente ninguém mais saberá que exististe. E mesmo dos que o souberem, não se saberá um dia. Num momento não muito longínquo morrerá o último homem sobre a face da Terra. Esse é, aliás, o momento da tua própria morte, porque tu és o primeiro e o último homem que nasceu. Tudo é rápido e contingente e miraculoso. Tudo é rápido e sem consequências. A única consequência és tu e a vida que viveres. Não a desperdices. Não inutilizes a fabulosa sorte que te calhou. Vê. Ouve. Pára, escuta e olha, que a morte vai a passar. E terás cumprido ao menos, para com o universo, um pouco do teu dever de gratidão.

* Vergílio Ferreira, in Pensar
Não há nada mais igual do que o mar ou o lume ou uma flor. Ou um pássaro. E a gente não se cansa de os ver ou ouvir. Só é preciso que se esteja disposto para achar diferença nessa igualdade. Posso olhar o mar e não reparar nele, porque já o vi. Mas posso estar horas a olhar e não me cansar da sua monotonia.
Vergílio Ferreira in contos

15 novembro 2008

ao som do silêncio...

ao som do meu silêncio escrevo, ouço, penso e sinto...
ao som do silêncio dos outros ouço penso e interiorizo-o!
ao som do silêncio ensurdecedor dos outros ouço, sinto e desfaleço...
ao som do silêncio da minha solidão todos os silêncios se sobrepõem...
ao som do silêncio...

13 novembro 2008

e o que será ouvir o silêncio?

será isto?




John Cage 4'33

12 novembro 2008

o que será ouvir o nada?

[palavra de honra... às vezes faltam as palavras]

11 novembro 2008

pedaços de conversa

não nos interessa as coisas óbvias

10 novembro 2008

do dia [esteve um fim de tarde propício aos trabalhos do olhar*]

só faltou a chuva... o vento forte... [e a lembrar isto]

(..) Tanta gente! Tantas figuras e figuretas, tantos figurões e figurantes que nos rodeiam, quer em espírito quer em carne e osso, mesmo quando pensamos estar mais sós, (...)
in Amor Feliz de David Mourão-Ferreira
*Al Berto

06 novembro 2008

[houve um dia desta semana em que perguntei aos nossos mortos se podia ser insensato. eles disseram logo que sim *

olá disseste (...)

Eu beijo-te. Sabes a maçã, a Julho, talvez a Deus. Por mais estranho que pareça, (...)

Sem pudor, sem pecado, sem remorso.

Estamos nus na sala de bilhar, é Julho, posso jurar que é Julho, dizemos palavras proibidas que pelo modo como as dizemos são santas e sagradas, os nossos gestos são castos, talvez perigosos, mas castos, ou, pelo menos, inocentes. Estamos nus, é Julho. E o espírito de Deus, se Deus existe, paira de certeza sobre nós.
in A Terceira Rosa - Manuel Alegre

[durante esta semana, várias vezes, também perguntei aos nossos mortos se podia fechar os olhos. Eles disseram que sim, claro que sim. E pediram para não lhes fazer mais perguntas, disseram que a resposta será sempre sim.
* José Luís Peixoto ]

05 novembro 2008

i have a dream today *

This is our hope. This is the faith (...). With this faith we will be able to hew out of the mountain of despair a stone of hope. With this faith we will be able to transform the jangling discords of our nation into a beautiful symphony of brotherhood. With this faith we will be able to work together, to pray together, to struggle together, to go to jail together, to stand up for freedom together, (...)
* Luther King

[...e cumpriu-se parte dele...]

a história a acontecer e eu a assistir...
...e há dias tão bons... [tanta ternura, tanto carinho e sorrisos verdadeiros]

Vila do Conde

[com muito pouco se constrói o mundo, o nosso pequeno mundo...]

...velhas trapaças...