22 janeiro 2009

o tempo todo talvez esteja onde existimos. embora saibamos que nesse lugar nunca houve tempo nenhum *

cansei-me de te sonhar. cansei-me do sangue e da chuva, da memória dessas rotas difíceis.
donde te escrevo apenas uma parte de mim ainda não partiu.
(...)

quando te digo que vou de novo partir, perguntas-me: morre-se porquê?

caminhamos em direcções opostas. caminhamos sem destino pela cidade.
a febre aniquila-nos.
existem Índias por descobrir, no segredo da noite dos nossos desastres.
caminhamos neste espaço de penumbras e de incertezas - onde a fala já não cintila e as palavras são de cinza.

sobre as tuas mãos a sombra de um corpo, ou de um navio. o silêncio das viagens cumpridas. e no meio deste silêncio uma ideia de voz, uma treva agarrada à memória.
foi então que dei por mim a existir para lá da tua morte, como se asfixiasse. mas o passado não é senão um sonho. (...)
não vale a pena estar triste.
todas as histórias, todas as mortes, acabam por se apagar.
(...)
*Al Berto

Um comentário:

Rui disse...

a inocência... é a grande vítima da sociedade moderna :-(

...velhas trapaças...