08 fevereiro 2012

sentir é muito lento *

* Paulo Leminski

A repórter do JN conta que ele somou, ao longo destes anos, mais de 20 mil horas de quietude. Bela palavra que não nos chama para a imobilidade pétrea, mas para o progresso lento. Confúncio aconselhava a que não temessemos esse exercício intenso e minimal e talvez o mais antigo homem estátua português o tenha adoptado como lema quando arrebatou um dos seus quatro recordes, o de menor velocidade em marcha, ao percorrer 150 metros em 8 horas. Kundera pode tê-lo admirado à distância numa dessas cidades onde se transformou em estátua, em "campeão da quietude", antes de formular aquela ideia forte do livro "A lentidão" segundo a qual o grau de lentidão "é directamente proporcional à intensidade da memória" enquanto o grau da velocidade "é directamente proporcional à intensidade do esquecimento". (...)
Não perderás nada se te demorares esta manhã diante da última página do JN.
Sem pressas. Deixa que o teu olhar seja mais próximo do do polícia que passa e
deita uma moeda para o boné do homem estátua. Sem pressas. Como avisa um poema
de Paulo Leminski, "sentir é m
uito lento".
são os sinais de Fernando Alves

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...velhas trapaças...