29 março 2014

os jantares lembram textos

Na surpresa de uma curva, o deslumbramento. Tão forte que as lágrimas deveriam romper clandestinamente no mais fundo dos olhos. Este lugar é uma enseada, enseada amena, a enseada de Guesclin. Em frente uma pequena ilha, com árvores, uma casa à proa, muralhas, janelas pequenas, e no topo uma grande janela branca e fechada - uma moldura de silêncio. Enquanto houver ilhas, os homens continuarão a ser reis como os reis que o foram. Reis inúteis mas soberanos, imensos, sumptuosos, cobertos pelo manto nocturno das águas. Dinastias arrogantemente supérfluas. Diademas, ceptros, flores venenosas. Se eu tivesse uma ilha, os meus amigos chegavam em barcaças, cantavam baladas de marinheiros, bebiam cidra, deitavam-se com a boca salgada, faziam amor e adormeciam.
Na falta de uma ilha, um livro.

Eduardo Prado Coelho (contracapa de Tudo o que não escrevi volume II)

e lembram lugares por conhecer. normandia astúrias caminho de santiago. 

[e que texto tão bom de ler, este, do Prado Coelho]

27 março 2014

vou-vos então dizer

estou a ver tão mal do olho direito que já nem consigo perceber os traços dos rostos das pessoas, nem ler as placas nas estradas. oh yeh.

que venha a cirurgia


26 março 2014

das despedidas





as entrevistas, as palavras, as histórias - a companhia de muitas noites.


vai vai vai amar sofrer chorar viver





que se faça a cirurgia.



argh


23 março 2014

tom waits (ou não seria domingo à noite)

vale a pena

fazer planos para férias e escolher os dias quando no horizonte está novamente uma cirurgia?

[senão é isto, é outra coisa. e, senão for essa coisa, há-de ser outra]

16 março 2014

Nietzsche pela voz (mão) de Barthes *

... a Alegria não tem qualquer necessidade de herdeiros ou de filhos - a Alegria deseja-se a si própria, deseja a eternidade, a repetição das mesmas coisas, deseja que tudo permaneça eternamente semelhante,
 
O apaixonado em plenitude não tem necessidade de escrever, de transmitir, de reproduzir.
 
* in fragmentos de um discurso amoroso

13 março 2014

chega a quinta

e só penso na aula de body balance.

apesar disto estar outra vez a acontecer (ou então será a minha cabeça).


09 março 2014

sem título (ou não seria amanhã segunda)

Vieste e foste, ignoro se poderás voltar. Ontem, ao partires, não reparaste que me deixavas menos feliz. Embora tudo ficasse feito e decidido não sei que incompletude me abalou – talvez a espera. Perdi-me absurdamente no caminho e, por momentos, a luz libidinal do teu pensamento fugiu de mim. As coisas deixaram a concretude com que sempre as tinha conhecido. Sem perspectiva, nem letra. Ao regressar à terra, não quis escrever no teu caderno. Arranquei-lhe apenas esta folha. Fui um pobre corpo. Rasguei-me a mim próprio e quis deitar-me fora. Por isso te deixo este bilhete. Vieste e foste. Não foi por isso que te amei menos. Em mim, não se realizou a tua conjectura sobre a ressurreição da carne. Reconhecerás tu, neste impulso da visão, uma carta de amor?
Maria Gabriela Llansol

06 março 2014

spring is coming

com boas músicas e bons livros.

vamos até Davos? perhaps no. mas o sol da aldeia aproxima-se.


é mais ou menos isto. todos os dias

Conhece aquela sensação de estarmos a sonhar, em plena consciência, de querermos acordar e não sermos capazes disso? in Montanha Mágica Thomas Mann

01 março 2014

conversas

- olha gostava de conhecer a Crimeia
- agora?! é que nem pensar.

[as manias de conhecer os poisos de férias dos escritores.]

...velhas trapaças...