... aos outros dei o tempo necessário, mas não mais: de tal hora até tal hora, como com uma entrevista marcada para resolver um assunto, que, uma vez resolvido, despedimo-nos porque não há mais para dizer. Mas, de ti, porque não quero separar-me? Esta tua vida, porque quero eu prolongá-la tanto quanto a minha própria?... Chegou o momento de o confessar, Henrik: nós somos semelhantes. (...)
Aqueles que lerem esta tua vida escrita por mim, dirão que da tua vida se diz pouco e se fazem muitas divagações. Porque não sabem. Não sabem que estas 'divagações' são, isso sim, as coisas que tu prometeste a ti mesmo dizer quando a morte te levou e que agora, finalmente, pudeste dizer por meu intermédio. Não me agradeças, Henrik: entre colegas devemos ajudar-nos. E agora adeus, Henrik: adeus, para já. Trato aqui de mais uns quantos assuntos e, depois, lá irei ter contigo. Onde quer que estejas. Mesmo no inexistente. Melhor, até, aí. Quando as pessoas se entendem, que importa inexistir?...
in Vida de Henrik Ibsen, Alberto Savinio (escritor e pintor italiano - Atenas, 1891; Roma, 1952)
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:-)
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