31 março 2009

não esquecer: o fogo queima!

30 março 2009

nota: não acordar fantasmas!

29 março 2009

[o prenúncio do fim *]

perguntou a si próprio por que razão não havemos de ser - homens, deuses, mundo - sonhos que alguém sonha, pensamentos que alguém pensa, situados sempre fora do que existe, e perguntou a si próprio por que não há-de ser esse alguém que sonha ou pensa alguém que não sonha nem pensa, ele próprio súbdito do abismo e da ficção.

(...)

- Finalmente - murmurou Mayol.

in A Viagem Vertical de Enrique Vila-Matas



[* ou o alcance da Paz?]
um dia será dia

[dream on girl]

19 março 2009

poema ao pai


Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra
razão para amar senão amar.
Que queres que te diga, além
de que te amo, se o que quero
dizer-te é que te amo?
Fernando Pessoa

[Eu cito os outros para me expressar melhor a mim próprio - Montaigne]

18 março 2009

Um dia terei a retórica como aliada

No banquete para o qual foste surpreendentemente convocado procuras as palavras e o discurso certo e, por essa razão – porque tentando mostrar-te humano esqueceste os alimentos, insultando o apetite -, jamais voltarás a ser convidado.
In Breve Notas sobre o Medo de Gonçalo M. Tavares

[hoje não foi o dia]

12 março 2009

A vida, dizem, é uma comédia e um drama. Eu fico-me pela sua luz *

*Eduardo Bettencourt Pinto

[je t'adoRRRRe! bem-hajas pelo pouco que é muito]

11 março 2009

08 março 2009

Boa noite. Eu vou com as aves. *


Poema à Mãe

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme,
mãe!

Olha - queres ouvir-me?
-Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

* Eugénio de Andrade

05 março 2009

pois...

o mistério envolve a essência do ser humano (…) mas (…) não quero aproximar-me dele com aquela serenidade que estava montada sobre a tristeza e sobre a angústia. (…) qualquer coisa me dizia já que era preciso procurar o amor, que ele é o encantamento e alegria e que só aí poderia lá chegar. Era um palpite vago e difícil de explicar, como vagos e inexplicados são tantas vezes os sentimentos, as intuições, as saudades do que não chegou ainda à história, os ilocalizados apelos e as aspirações, no fundo, tudo o que dá ao ser humano aquela qualificação que o faz ter relações privilegiadas com o universo e que nem sempre é visível à objectividade do mundo.
in O Riso de Deus de António Alçada Baptista

[e o universo não conspira para que nós estejamos um dia cara a cara?]

04 março 2009

Nós temos cinco sentidos: são dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio?

David Mourão-Ferreira

02 março 2009

jardim dos caminhos que se bifurcam *

* Borges

[a caminhar a passos largos para lá...]

o céu de hoje, o mar de hoje... a casa, o refúgio, o acordar...

a casa, o refúgio...

a casa...

a... saudade de ti, de mim, de mim, de ti... saudade

tenho saudades (…) tenho saudades e não sei de quê, estamos aqui e já tenho saudades de estar aqui, tu estás comigo e eu tenho saudades de ti como se já não estivesses cá, está tudo a passar, o tempo, a vida, está tudo a passar muito depressa.
tenho saudades, (...) saudades do que foi, do que está a ser, do que será, sobretudo do que não será.
in Terceira Rosa de Manuel Alegre

repara [pára e volta a parar *]








...um fim de tarde numa janela...
* Gonçalo M. Tavares

...velhas trapaças...