31 dezembro 2013

o que eu queria mesmo

passar a noite no sofá.
não ter que ser simpática.
não ter de sorrir.
o que queria
passar a noite à lareira.

mas o querer ao ser é uma linha infinita.

we are infinites...




[que filme do caraças]

30 dezembro 2013

Never thought that love could be so easy*



In between love trying to scheme love
Who can tell what we may find
All this time love, I sublime love
To the feelings in my mind
Loves like women, it's cool and breezy
Never thought that love could be so easy
* Tom Waits

29 dezembro 2013

do filme - take this waltz *



- What... What happened, Geraldine?
- I'm an alcoholic, moron. Nothing happened. This is my natural state. What... What happened... Really? Why wouldn't I ask that of you? You just disappeared, Margo. What a fucking obvious move! You... You think that everything can be worked out if you just do the right move? That must be thrilling. I think it's thrilling. I don't agree. Don't! Don't do that. I am the embarrassment? Me? Do.. Do you know we're doing the same fucking thing here?
- Okay, I don't understand what you're trying to say.
- I think you're a bigger idiot than I am. I think you really fucked up, Margo. In the big picture... Life has a gap in it, it just does. You don't go crazy trying to fill it like some lunatic. Speaking of fucking up... Okay, let's go. It was kind of fun. It's harder to talk honestly with people when you're sober as I'm sure you can imagine.

* ou de como não quero que tal aconteça no nosso percurso

28 dezembro 2013

dave and grover - amazing


ai grover


i'm everybody - Grover


:)

que razões há para postular que já existe o futuro? - Borges

o ano que era para ser o ano dos concertos. era para ser o ano. era para ser o ano. o ano em que o que tinha, o que nunca deveria correr, correu mal. a minha dor não é nem metade, nem um terço, nem um quinto. a dor que faz o chão fugir debaixo dos pés, a dor que irrompe das nossas entranhas. a dor dilacerante. a minha dor que não é tua, nem tua. e a minha força que é impotente que nem para atenuar serve. e a distância. 
 
e, nós, a continuar a viver. no meio dos sorrisos e das lágrimas. passo a passo. um dia de cada vez. cada vez mais presente que não temos razões para postular que já existe futuro.

 

das despedidas de natal

consigo (gosto muito de si, sabia?)

todos os anos temos despedidas que ficam na minha boa memória. este ano (nem foi tão má a mudança, pois não?), depois de percebermos as nossas afinidades, os nossos gostos em comum. tivemos conversas fantásticas que me elevaram e fizeram crescer o meu pensamento. Nabokov e o belíssimo livro na Outra Margem da Memória ficarão sempre associados a si. Ah, mas o que queria que fica-se em registo era mesmo a sua despedida,
- vê lá se te portas bem porque senão o menino Jesus não te dá nada. :)

[deu-me a aldeia e só isso vale por tudo. e deu-me certezas que não queria]



As mulheres da minha família* – o elogio à perseverança

Perseverar
1. Continuar, persistir numa opinião, num costume que seja bom.
2. Conservar-se firme, constante (num sentimento, numa resolução).
"perseverar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

* de sangue

24 novembro 2013

na outra margem da memória


Sempre que penso no meu amor por alguém, costumo traçar raios que esse amor emite – o meu coração, suave fulcro de um sentimento pessoal – até pontos do universo monstruosamente afastados. Algo me força a medir o sentimento íntimo do meu amor, opondo-o a inimagináveis e incalculáveis coisas, como o comportamento de nebulae (cujo extremo afastamento me parece uma forma de loucura), as armadilhas terríveis da eternidade, o incognoscível além-desconhecido, o abandono, o frio, as involuções e interpenetrações nauseantes de espaço e tempo. É pernicioso hábito, mas nada posso fazer. Podemos compará-lo ao latejar irreprimível da língua daquele insone que verifica na noite da boca a lasca de um dente, e embora se magoe persiste. (…) Não há remedio; tenho que saber onde estou, onde estás tu e onde está o meu filho. Quando esta lenta e silenciosa exposição de amor se dá em mim, abrindo as liquefeitas franjas e esmagando-me com a sensação de algo que é muito mais amplo, muito mais perdurável e poderoso do que a acumulação de matéria ou energia num qualquer e imaginável cosmo, nessa altura o meu espírito só tem que beliscar-me para ver se está realmente acordado. Preciso de fazer um inventário rápido do universo, como o homem que sonha e tentar explicar o absurdo da sua situação confirmando que sonha. Preciso de fazer participar na minha emoção o espaço e o tempo inteiros para iludir, assim, a sua mortalidade e ajudar-me na luta contra degradação total, o ridículo e o horror extremos de ter engendrado numa existência finita um infinito de sensação e pensamento.

 

Apesar disso a esmorecer, e também, o resto a ir ficando escuro; mas logo acima do horizonte, num espaço claro de cor turquesa por baixo de um estrato negro, os meus olhos depararam com um espetáculo que só os tolos tomariam por supérfluo neste ou noutro pôr-de-sol. Ocupava uma bastante reduzida porção do enorme céu e tinha a nitidez peculiar das coisas vistas com um telescópio ao contrário. Lá me esperava uma família de serenas nuvens em miniatura, acumulação de volutas brilhantes, anacrónicas no seu aveludado e extremamente longínquas; remotas mas perfeitas em todos os pormenores; fantasticamente reduzidas mas de contorno impecável; o meu amanhã maravilhoso pronto a ser entregue às minhas mãos.
Nabokov
[das mais belas descrições que li - sem dúvida a comprar para reler]

05 novembro 2013

Mas não há lágrimas na verdadeira tristeza, assim como não há riso na alegria.*

* Al Berto

 "Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cómodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência." Caio Fernando Abreu

[dos sonhos. quero falar dos sonhos que criámos no fim de semana. queria tanto. sabem aquela imensidão de terra que existe para os lados do interior alentejano? começamos a sentir o apelo daquela terra, do viver da terra, do ser da terra.]

10 outubro 2013

dos dias que desorientam pensamentos

um dia quando eu cair do trabalho, também vais comigo. [ah e detesto faltas de educação e quero lá saber que tenha idade para ser minha mãe] [e tenho a minha alma a chorar e isto não me devia desorientar] f****

06 outubro 2013

sem título



para dar um pouco de cor a este final de domingo

04 outubro 2013

resumo do dia

Que talvez viver muitos anos, morrer de velho, seja um património de duas espécies de gente: dos que renovam paixão pelo que fazem, sentem e são; e dos que sobrevivem por hábito. Não há outra forma. Porque se, porventura, for uma pessoa apaixonada que soçobrou à desilusão ou ao cansaço, ou se já sentiu nem que seja por um dia a volúpia de crer, acabará por se desintegrar mais rapidamente. Por isso arrisco dizer-lhe: se lhe for impossível acreditar em projectos e novas esperanças, torne o hábito na sua profissão. Habitue-se. Sem riscos, sem fugas, sem paixões, revoluções, tentações. Porque o hábito conserva. Congela-nos numa espécie de vida. Luís Osório

03 outubro 2013

we don't read and write poetry because it's cute*

"we read and write poetry because we are members of human race." - * Dead poet society
das conversas de ontem de quem me dá livros a ler.
a vida é muito mais que audiologia ou medicina ou direito ou o que for que nos faz e obriga a ocupar todo o nosso tempo. e sim, também não gosto de toda aquela religiosidade que se coloca nestas actividades. vamos deixar fluir um pouco a vida. tudo é muito mais cruel e forte fora dessa actividade e é aí que devemos ter essa religiosidade.

[sê calmo e forte como a verdade da vida - Virgilio Ferreira]

02 outubro 2013

da memória *

Ao perscrutar a minha infância (a melhor fonte para a pesquisa da própria eternidade) vejo o despertar da consciência como descontínua série de instantes com intervalos sucessivamente mais curtos, até se formarem cintilantes blocos de percepção que oferecem à memória um escorregadio suporte.
Nabokov in a outra margem da *memória

28 setembro 2013

dos livros que me dão a ler

A imaginação, suprema delícia do imortal e do imaturo, devia ser limitada. Para gozarmos a vida não devíamos gozá-la de mais,
Nabokov in na outra margem da memória.

[pois parece que vou adorar este livro. está mesmo muito bem escrito.]

25 setembro 2013

das palavras

Nada mais humanamente belo, nada mais humanamente misterioso do que os homens quererem acariciar continuamente, com pincel, cinzel, ou a mão, esses sacos de gordura estranhamente redondos, e nada de mais humanamente carinhoso do que a nossa cumplicidade (isto é, a cumpliciddade das mulheres) em relação à obsessão deles. in Elizabeth Costello de J.M. Coetzee

24 setembro 2013

Estou vivo e escrevo sol *

não há segredo mais supremo nem mais simples do que esta relação vital entre o corpo e o espaço, entre o alento e a paisagem, entre o olhar e o ser. * António Ramos Rosa

20 setembro 2013

das bonitas palavras - Papa Francisco

É necessária uma atitude contemplativa: é o sentir que se vai pelo bom caminho da compreensão e do afecto no que diz respeito às coisas e às situações. O sinal de que se está neste bom caminho é o sinal da paz profunda, da consolação espiritual, do amor de Deus e de todas as coisas em Deus. da entrevista do Papa Francisco

28 julho 2013

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... viver é, muitas vezes, ficar frente-a-frente com recordações e com passagens luminosaas e obscuras, como alguém que perde o mar tão perto dessa mesma evocação que nos pertence, ou a morte de quem partiu e se mantém vivo.

Para Al Berto, ele sabe porquê.
Joaquim Cardoso Dias in prefácio Dez Cartas para Al Berto Dez Cartas de Al Berto

13 junho 2013

estou a começar a ficar muito, muito cansada

Esquece o trabalho que te traz em alvoroço. Vergílio Ferreira

28 maio 2013

das palavras bonitas que nos (me) serenam as tardes

“Cumprira-se aquilo que eu sempre desejara – uma vida subtil, unida e invisível que o fogo celular das imagens devorava. Era uma vida que absorvera o mundo e o abandonara depois, abandonara a sua realidade fragmentária. Era compacta e limpa. Gramatical”.
Herberto Hélder

o que é que nos corrompe?

23 fevereiro 2013

dos concertos

este ano é o Ano dos concertos.
Ludovico daqui a um mês. já se começou a contagem.
até lá muita chatices e muita angústia.
 
 
"algumas vezes, o uso da nossa liberdade, faz sofrer os outros." já dizia Alçada Baptista.
 

16 fevereiro 2013

do concerto

estava à espera de melhor :P

02 fevereiro 2013

do trabalho

Há dias que isto é muita responsabilidade. E cansa-me tanto mas tanto!

24 janeiro 2013

das coisas fantásticas do corpo humano/ouvido

A inversão do nistagmo espontâneo nas provas calóricas (no ouvido são). A sério, lindo de se ver. Eu e as minhas coisas

22 janeiro 2013

eu a relativizar

alguma coisa me podia estar a escapar. mas nao se faz. m**** para as vppb. E o pior é desejar que a senhora não melhore. Isso faz de mim má pessoa? Treta para o trabalho.

15 janeiro 2013

e há ainda hoje

aquele poema fabuloso de Al Berto no meu pensamento.

ainda bem que existem estas coisas para me/nos animar.

dance dance dance or otherwise we are lost - Pina

14 janeiro 2013

do desassossego de Soares/Pessoa *

Não é tédio o que se sente. Não é mágoa o que se sente. É uma vontadde de dormir com outra personalidade, de esquecer com melhoria de vencimento. Não se sente nada, a não ser um automatismo cá em baixo, a fazer umas pernas que nos pertencem levar a bater no chão, na marcha involuntária, uns pés que se sentem dentro dos sapatos. Nem isto se sente talvez. à roda dos olhos e como dedos nos ouvidos há um aperto dentro da cabeça.
Parece uma constipação na alma. (…) sim, não se sente nada. Passa-se conscientemente, a dormir só com a impossibilidade de dar ao corpo outra direcção, a porta onde se deve entrar.
in livro do desassossego de bernardo soares
 
* ou do meu desassossego no trabalho. chegar a casa é como chegar à minha arca de noé.

05 janeiro 2013

gostava de saber

e tentar perceber como é que perdi a vontade de ler e entender palavras? sempre gostei de ler textos, palavras ditas difíceis e agora não tenho discernimento nem capacidade de ler quanto mais entender.

como é que cheguei aqui?

treta de vida que não me dá espaço nem vontade nem tempo para ler. treta, é o que digo!

03 janeiro 2013

da inveja da boa

nem sei como escrever. o certo é que encontrei uma amiga no facebook dos tempos do secundário a viver nos Açores, ao ar livre. sem ter que entrar às 9h e sair às 20h. e tem o mar como instrumento de trabalho :) coisa boa de se ver e de se sentir.

ando tão farta de audiogramas e do mundinho de médicos, técnicos e afins.

01 janeiro 2013

...velhas trapaças...