a música de Ludovico (como é grande este senhor).
um dia vamos viver com liberdade de expressão e vamos viver mais dignamente.um dia. estes não têm sido dias. dias sombrios, de revolta. mas Deus não dorme.
19 dezembro 2012
10 dezembro 2012
dos livros negros de Gonçalo M. Tavares
ler estes livros nestes dias não é fácil. desorienta pensamentos.
23 novembro 2012
do fantasma*
O que é espantoso, também, é que o valor e os feitos de uma pessoa, sejam eles quais forem, tenham de encontrar a sua consumação na retaliação da inquisição biográfica. O homem que tem o domínio das palavras, o homem que toda a sua vida inventa as histórias, acaba, depois de morto, por ser lembrado, quando muito, por uma história inventada a seu respeito, em que a sua marca oculta de vulgaridade é descoberta e descrita com impiedosa franqueza, clareza, certeza, com solene preocupação pelas mais delicadas questões de moralidade, e com nada modesta dose de prazer.
* O fantasma sai de cena Philip Roth
08 novembro 2012
as palavras que ferem ou que fazem rir do ridículo
- tenho estas senhoras que preferiram vir hoje de manhã.
(ah não as instigou para vir de manhã :S)
das quintas e do ridículo
(ah não as instigou para vir de manhã :S)
das quintas e do ridículo
26 outubro 2012
22 outubro 2012
das palavras *
Costumo dizer uma coisa: o amor é a bondade que se aplica a tudo. É a bondade, é a beleza. O amor é um conceito só. Sou um céptico, mas conheço duas ou três ou quatro pessoas bondosas.
A minha sogra é uma pessoa bondosa, a minha mulher também é. O amor é o principal veículo de comunicação. (...) De maneira que o amor ou a bondade é tudo o que temos. Memória é tudo o que temos, palavra é tudo o que temos, e as palavras são a forma de podermos, eventualmente, tocar a fímbria do amor e da memória.
Manuel António Pina in público
* ou de quem não nos devia ter deixado tão cedo
A minha sogra é uma pessoa bondosa, a minha mulher também é. O amor é o principal veículo de comunicação. (...) De maneira que o amor ou a bondade é tudo o que temos. Memória é tudo o que temos, palavra é tudo o que temos, e as palavras são a forma de podermos, eventualmente, tocar a fímbria do amor e da memória.
Manuel António Pina in público
* ou de quem não nos devia ter deixado tão cedo
17 outubro 2012
das palavras
Na soma das razões ofendidas e dos melhores dias que me aconteceram, vai a coragem de ter sido uma grande mulher nascida para ser feliz. Admiro-me bastante, não duvide. E gosto razoavelmente de mim.
Gente feliz com lágrimas João de Melo
08 outubro 2012
Sabes que não me julgo melhor do que os outros *
* Riso de Deus Alçada Baptista
mas não saber o que é o memorando da troika é ridículo. há expressões que dizem tudo. e tem esta gente uma licenciatura.
mas não saber o que é o memorando da troika é ridículo. há expressões que dizem tudo. e tem esta gente uma licenciatura.
04 outubro 2012
da loucura *
A loucura, pois. Temos opiniões sobre ela, medos e até projectos, mas a loucura que em nós vive não é o que gostaríamos que fosse. Acreditamos que a temos de rédea curta, chegamos até a desafiá-la, mas depois percebemos que há divisões dentro de nós que não conhecemos nem sequer imaginamos.
Luís Osório
* e de como nos meses de Outubro o discernimento fica turvo
Luís Osório
* e de como nos meses de Outubro o discernimento fica turvo
03 outubro 2012
28 julho 2012
26 julho 2012
das músicas, do caminho da vida, do dar graças
por aí passaram os pensamentos.
dar graças por ti, meu amor, que quase me fugias na altura em que ouvi esta música pela primeira vez. dar graças por estar onde estou e de ser como sou. e a ti muito devo isso. pelo espaço, pela liberdade que dás e por toda a ternura e carinho. pela criação de amor que fazes comigo e que fazemos juntos.
...
24 julho 2012
isto vale um post
e ao som desta música me deixo embalar. com a certeza que amanhã será um bom dia e terá ainda uma melhor noite.
23 julho 2012
das palavras bonitas
" mas nunca te esqueças que a plenitude não se faz da superfície - a pessoa que tens ao lado é o que vês e o que guarda dentro de si; faz amor com ela completa e não te contentes com a metade que te mata a fome. contraditório com o que disse antes? claro que sim. tão contraditório como o amor e o brutal exercício de viver."
Luís Osório
daqui
Luís Osório
daqui
18 julho 2012
madela day
talvez tenha sido por este homem notável que me surgiu a vontade de conhecer África.
pode não ter sido a melhor experiência mas o certo é que não há por de sol como o africano ou céu como o africano. talvez um dia volte a outros lados de África, à terra natal de mandiba. um dia quando o tempo for nosso...
La Somone, Senegal
16 julho 2012
das palavras bonitas
o que verdadeiramente me dói são os silêncios
que nunca habitámos do mesmo lado
porque o silêncio só pode ser partilhado
com aqueles que amamos até à loucura
só ele é a dádiva perfeita que não pede mais nada
a não ser um mesmo lugar para deitar a cabeça
e esperar que a madrugada lentamente
desfaça todos os segredos e nada mais seja preciso
para voltarmos a ter vinte anos
mesmo que os vinte anos
tenham morrido para sempre
na cidade em chamas
Alice Vieira
que nunca habitámos do mesmo lado
porque o silêncio só pode ser partilhado
com aqueles que amamos até à loucura
só ele é a dádiva perfeita que não pede mais nada
a não ser um mesmo lugar para deitar a cabeça
e esperar que a madrugada lentamente
desfaça todos os segredos e nada mais seja preciso
para voltarmos a ter vinte anos
mesmo que os vinte anos
tenham morrido para sempre
na cidade em chamas
Alice Vieira
04 julho 2012
Love that will not betray you, dismay or enslave you *
* Mumford and sons
[há tanto tempo que não ouvia música nova]
04 maio 2012
dias de chuva e sol
It's you I'm looking for
All of my days
Soon I'll smile
I know I'll feel this loneliness no more
All of my days
For I look around me
And it seems He found me
And it's coming into sight
As the days keep turning into night
As the days keep turning into night
And even breathing feels all right
Yes, even breathing feels all right
Now even breathing feels all right
It's even breathing
Feels all right
...
27 abril 2012
dos sinais
Alejandro Toledo é um bem sucedido criativo de uma agência espanhola de publicidade. Há dias, caminhava em Madrid quando viu um antigo companheiro de profissão. Cumprimentaram-se e ele percebeu que o outro ia buscar comida a uma instituição de solidariedade.
Estou a contar-vos isto que li num jornal espanhol e não me sai da cabeça a frase de campanha de Sarkozy pedindo que votem nele para evitar uma crise como a da Espanha. E Mario Monti repetindo a cantilena. E a justa cólera dos espanhóis, Rajoy pedindo prudência nas declarações. Rajoy prudente, engolindo a cólera, engolindo a vontade de desatar o latim.
Mas Toledo percebeu que o outro, ainda ontem, tal como ele, um publicitário bem sucedido, ia agora à sopa dos pobres. Viu que o outro entrou num refeitório social e saiu com a sua ração de comida. Por dentro, a dignidade amarfanhada. Por fora, a roupa cuidada, disfarçando a condição de novo pobre.
Pode acontecer contigo, comigo. Já amanhã.
Alejandro Toledo ficou muito impressionado, a tal ponto que decidiu fazer
um spot televisivo para a Caritas, chamando a atenção para a importância do
trabalho humanitário. O resultado foi um filme comovente. Teria custado 40 mil
euros. Mas todos os que nele participaram o fizeram gratuitamente. O homem que
representa o novo pobre de Madrid é um malabarista que Toledo encontrou na rua.
A menina que faz de sua filha é a filha de Toledo, o autor da campanha.
A primeira cena
mostra-nos uma rua movimentada, fim de dia. A cidade já iluminada, reflexos de
luzes nos estabelecimentos. Um homem, ainda jovem, caminha com uma menina. Agora
ela pára. Encosta a cara ao vidro da montra. Tem um gorro roxo, uma mochila. Não
larga um urso de peluche que aperta contra o peito.
O homem puxa uma enorme mala de viagem com rodas. Há uma loja de frutas.
Atravessam, agora, um centro comercial. A menina chora junto a uma das montras.
Depois senta-se no passeio. O pai incita-a a que prossiga. Estugam o passo,
puxando a grande mala. O rosto do homem cruza-se com o de uma deusa da
publicidade, num cartaz. Escureceu. É a menina que puxa agora a grande mala,
como se fosse um cão pela trela. A casa pela trela. Há grupos de sem abrigo
estendendo os seus cartões. O homem e a menina hão-de fazer o mesmo,
adiante.
Agora amanheceu. Caminham de novo pelas ruas, entram na casa onde outros
esperam não se sabe o quê. Podia ser uma sala de espera de um hospital.
Sentam-se, o homem coloca uns sacos de plástico na cadeira ao lado. A menina não
larga o urso de peluche. A fila começa a mover-se. Mulheres de bata branca
estendem aos da fila embalagens com alimentos.
Saem para a rua. Agora estão sentados num banco de jardim. O homem abre a
embalagem. É sopa, ainda fumegante. Ele dá sopa à menina. Talvez conte uma
história enquanto leva a colher de sopa à boca da filha. Há um homem que toca
acordeon. O homem e a filha sorriem. Abraçam-se. A menina corre para um
escorrega.
...
Cala-te, Sarkozy. Um pouco de pudor. Verguenza.
09 abril 2012
Pessoa e Caeiro :)
"Não sabia que Caeiro fosse o senhor, disse Fernando Pessoa, e fez um
ligeiro cumprimento com a cabeça. Alberto Caeiro fez-lhe um gesto
fatigado para entrar. Entre, caro Pessoa, convoquei-o aqui porque
queria que soubesse a verdade.
Entretanto a tia-avó chegou com uma bandeja com chá e bolinhos.
Caeiro e Pessoa serviram-se e pegaram nas chávenas.
Pessoa lembrou-se de não espetar o dedo mindinho, porque não era
elegante. Ajeitou a gola do seu fatinho à marinheiro e acendeu um
cigarro. O senhor é o meu mestre, disse.
Caeiro suspirou, e depois sorriu. É uma longa história, disse, mas é
inútil contar-lha de fio a pavio, você é inteligente e compreenderá
mesmo se eu saltar algumas passagens. Saiba apenas isto, que eu sou
você.
Explique-se melhor, disse Pessoa.
Sou a sua parte mais profunda, disse Caeiro, a sua parte mais obscura.
Por isso sou o seu mestre.
Um campanário, na aldeia vizinha, deu as horas.
E eu, o que devo fazer?, perguntou Pessoa.
Deve seguir a minha voz, disse Caeiro, ouvir-me-á na vigília e no sono,
às vezes hei-de perturbá-lo, outras vezes não quererá ouvir-me. Mas
terá de escutar-me, deverá ter a coragem de escutar esta voz, se quer
ser um grande poeta.
Fá-lo-ei, disse Pessoa, prometo-lhe.
Levantou-se e despediu-se. A tipóia esperava-o à porta. Agora torna-
ra-se de novo adulto e tinha-lhe crescido o bigode. Para onde quer que
o leve?, perguntou o cocheiro. Leve-me para o fim do sonho, disse
Pessoa, hoje é o dia triunfal da minha vida.
Era o dia oito de Março, e pela janela de Pessoa entrava um sol tímido."
em "Sonhos de Sonhos", de Antonio Tabucchi
22 março 2012
20 março 2012
12 março 2012
aqui entre nós, aconselho teimar. *
a vida é ligeira, a morte lampeira, a ferrugem teimosa, às duas por três foi-se o tempo de amar. e resta o silêncio, falho de rima ou prosa. aqui, entre nós; eternamente por deslindar...
* Júlio Machado Vaz
02 março 2012
27 fevereiro 2012
21 fevereiro 2012
17 fevereiro 2012
08 fevereiro 2012
sentir é muito lento *
* Paulo Leminski
A repórter do JN conta que ele somou, ao longo destes anos, mais de 20 mil horas de quietude. Bela palavra que não nos chama para a imobilidade pétrea, mas para o progresso lento. Confúncio aconselhava a que não temessemos esse exercício intenso e minimal e talvez o mais antigo homem estátua português o tenha adoptado como lema quando arrebatou um dos seus quatro recordes, o de menor velocidade em marcha, ao percorrer 150 metros em 8 horas. Kundera pode tê-lo admirado à distância numa dessas cidades onde se transformou em estátua, em "campeão da quietude", antes de formular aquela ideia forte do livro "A lentidão" segundo a qual o grau de lentidão "é directamente proporcional à intensidade da memória" enquanto o grau da velocidade "é directamente proporcional à intensidade do esquecimento". (...)
Não perderás nada se te demorares esta manhã diante da última página do JN.
Sem pressas. Deixa que o teu olhar seja mais próximo do do polícia que passa e
deita uma moeda para o boné do homem estátua. Sem pressas. Como avisa um poema
de Paulo Leminski, "sentir é muito lento".
Sem pressas. Deixa que o teu olhar seja mais próximo do do polícia que passa e
deita uma moeda para o boné do homem estátua. Sem pressas. Como avisa um poema
de Paulo Leminski, "sentir é muito lento".
são os sinais de Fernando Alves
06 fevereiro 2012
we are not old or young
"My husband. My heartbreak. Feels so easy now. Here. You're not the cheat or the liar. I'm not the nag or the shrew. And we are not old or young. There's no bitterness or illusions. No need for free or for hope. We're just spirits drifting through this perfect earth together. We can be free of our sad histories. They float away till they’re like memories of a dream from the night before. Shadows under the water. And what’s left is pure life."
Parabéns, meu amor
31 janeiro 2012
é que face a todas estas más notícias
Tudo deixa de de ter relevância.
Passa tudo pelo estar, pelo saber estar... e esquecer o trabalho que não é mais que um meio de subsistência.
Passa tudo pelo estar, pelo saber estar... e esquecer o trabalho que não é mais que um meio de subsistência.
acalma- te
Mesmo que desças até ao ponto em que deixas de observar a claridade da superfície, não te inquietes demasiado, pois a superfície do mundo, também ela, em poucas horas (a noite aproxima-se) ficará escura.
Gonçalo M. Tavares in breve notas sobre o medo
(a sorte é que daqui a nada são 8 horas da noite... dias longos, estas terças)
Gonçalo M. Tavares in breve notas sobre o medo
(a sorte é que daqui a nada são 8 horas da noite... dias longos, estas terças)
22 janeiro 2012
18 janeiro 2012
17 janeiro 2012
15 janeiro 2012
horas, minutos, segundos de *
Neva. Bebo um café e como um «babá» na pastelaria feminina
de Jodoigne. O convívio, a vida de grupo, continua a parecer-me
um problema insolúvel, mas deixei de ouvir a frase que o
exprimia, quando me levantei esta manhã. Aos homens escapam
muito mais coisas do que aos animais e às plantas________
Não gosto de ver nevar quando estou sozinha. Ouço uma música
adequada à neve. Como já disse, a pastelaria é feminina.
A Quinta, o pão, absorve todo o tempo. São sempre os mais
pobres que trabalham, que trabalham no tempo até o abolirem.
As crianças imaginam que a vida dos adultos, quando estão com
elas, é sempre um prazer.
Limpar a casa, ver o chão brilhar e espelhar o que imagino, e
é real, fazer almofadas trabalhando o tecido para o repouso,
acender a luz quando faz noite, e olhar e olhar-me sob uma
outra perspectiva, são já belos motivos para viver.
Mas nada escapa a esta tristeza doce que é também provocada
pela minha experiência limitada do tempo.
Volto para casa, fazer croquetes. Mas antes leio uma frase de
Histoire de l'idée de nature:
*«Mas a natureza não é assunto de um só sábio».*"
* Maria Gabriela Llansol in Livro de Horas I
de Jodoigne. O convívio, a vida de grupo, continua a parecer-me
um problema insolúvel, mas deixei de ouvir a frase que o
exprimia, quando me levantei esta manhã. Aos homens escapam
muito mais coisas do que aos animais e às plantas________
Não gosto de ver nevar quando estou sozinha. Ouço uma música
adequada à neve. Como já disse, a pastelaria é feminina.
A Quinta, o pão, absorve todo o tempo. São sempre os mais
pobres que trabalham, que trabalham no tempo até o abolirem.
As crianças imaginam que a vida dos adultos, quando estão com
elas, é sempre um prazer.
Limpar a casa, ver o chão brilhar e espelhar o que imagino, e
é real, fazer almofadas trabalhando o tecido para o repouso,
acender a luz quando faz noite, e olhar e olhar-me sob uma
outra perspectiva, são já belos motivos para viver.
Mas nada escapa a esta tristeza doce que é também provocada
pela minha experiência limitada do tempo.
Volto para casa, fazer croquetes. Mas antes leio uma frase de
Histoire de l'idée de nature:
*«Mas a natureza não é assunto de um só sábio».*"
* Maria Gabriela Llansol in Livro de Horas I
12 janeiro 2012
11 janeiro 2012
10 janeiro 2012
Sim, o tempo tomou-me completamente, que tenho uma data em cada mão, um acontecimento diferente em cada dedo. *
Eu tenho uma história, uma história interior, e parece-me, através de uma evolução precisa de subtis acontecimentos, começar a aperceber-me corporalmente de que faço parte de um conjunto múltiplo em que tenho muita e pouca importância. Tudo se torna então mais relativo, e o que acontece de bom e de mau a nível das relações humanas é uma luta de projecção moderada na minha vida.
*Maria Gabriela Llansol in Livro de Horas I
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